A precariedade e as suas consequências
Todos falam da precariedade laboral que os jovens atravessam. A falta de emprego, os inúmeros estágios atrás de estágios, os empregos precários, os salários baixos, o medo de perder tudo. Mas ninguém fala dos problemas adjacentes a tudo isto.
Infelizmente faço parte desta fatia da população, nos 30, a viver em casa dos pais, com um emprego precário e, pior, a receber quando calha e o que calha. Como é que alguém pode pensar no seu futuro numa situação destas? É essa a questão de fundo por trás de todo este problema.
Olhar para o futuro e não ver perspetivas de que as coisas melhorem é algo angustiante, posso assegurar. Vivo isso diariamente. Aliás, tento nem sequer pensar muito nisso, pois quando o faço, é quando tudo desmorona à minha volta.
Como é que alguém pode pensar em comprar ou alugar casa, ter uma família, construir a sua própria vida, quando não sabe quando ou quanto vai ganhar? Quando não sabe se amanhã terá dinheiro?
O pior de tudo, para mim, é a angústia, a ansiedade, a depressão que tudo isto acarreta. Porque não ver perspetivas de futuro acabou por me tornar assim, numa pessoa angustiada, com ataques de ansiedade e depressiva. E acredito que haja muitos na mesma situação que eu por aí.
Mas esta parte da história ninguém conta. Este é o lado esquecido da precariedade dos jovens de hoje. Mas que traz consequências para o resto da vida.